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"Tudo o que você pode imaginar é real"
Picasso, Pablo
Indecisa entre escultura, pelo desafio das três dimensões e materiais utilizados, e pintura, pela magia da mistura das cores, esta expressão gritou mais alto e seria, sem dúvida, o caminho a percorrer.
Ao longo dos anos foi explorando técnicas e materiais, construindo e desconstruindo formas e pinceladas, dando sempre ênfase ao movimento, à luz e à cor.
Desde há uns anos está a desenvolver uma técnica em que associa novas ferramentas/tecnologias à pintura tradicional.
A inspiração vem de pequenas grandes coisas que surgem no dia a dia, na música, nas viagens … nos "percursos" pelo seu mundo interior!
Se a cadeira de tapeçaria contemporânea com o Mestre Rocha de Sousa, despertou o seu interesse pela arte têxtil, a semente por esta expressão artística estava, desde a infância, em si plantada embora disso não tivesse consciência.
Muito próximo de sua casa, à distância de passar uma ribeira e pouco mais, no lugar da Soalheira, vivia a parente "Ti Mari Zabel" que levava os dias a "fabricar", num tear de alto liço, tecidos em diversos materiais como a lã, o linho, a estopa e em retalhos, utilizando para isso finas tiras de tecidos reutilizados, gastos do muito uso.
A magia da teia e da trama criando lindos tecidos motivavam-na, mas eram as tão populares "mantas de retalhos" que faziam as suas delícias pelas sensações que as "pinceladas" de cor salpicadas e texturas dos tecidos lhe ofereciam.
O mundo mágico da urdidura fascinava-a, no entanto o impacto visual causado pela imponência do tear ocupando quase por completo a pequena sala transportava-a para um imaginário quase fantasmagórico em que fascínio e medo eram aliados. Estas memórias de infância, registadas entre os seus cinco e oito anos, e a iniciação às técnicas de tapeçaria contemporânea, após terminar o curso foram-se sedimentando através da descoberta/experimentação de novos materiais.
O gosto pela tridimensão fez com que esta expressão artística se fosse desenvolvendo e aproximando nesse sentido, conjugando materiais diversificados, uns mais moldáveis, outros menos (chapa acrílica, balsa, entre outros) com fios de algodão, de linho e de seda.
O gosto pela volumetria e a necessidade de experimentação levam-na à descoberta de novos modos de formar em que a associação de materiais e técnicas possam conduzir à tridimensionalidade.
Mistura aprendizagens adquiridas em escultura e gravura, entre outras, e aplica-as em novas situações construindo peças em três dimensões, explorando materiais como a madeira, a chapa de zinco, a chapa acrílica, associando-as à pintura, caso das caixas da série "Instalação".
Não sendo a sua formação académica a área do design, por motivos profissionais foi enriquecendo os seus conhecimentos nessa matéria, através de formação e autoformação.
Descobriu, através do ensino, o gosto pelas novas ferramentas de trabalho que os computadores colocavam à disposição e enquanto docente participou em inúmeros projetos onde pode aplicar as novas tecnologias de informação e comunicação.